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O sentido do Natal

Publicado por Frei Venildo Trevizan | 25/12/2012 - 22:17

A tradição cristã celebra essa data do Natal organizando presépios. Presépio, ou manjedoura, era o lugar em que os animais se alimentavam. Foi numa dessas que, de acordo com a tradição, José e Maria colocaram o filho recém-nascido, pois não havia lugar para eles na hospedaria.

Essa tradição chegou até os dias atuais. Contudo, está perdendo em muito seu significado original. Hoje o presépio serve mais como enfeite e como decoração do que símbolo de fé. Organizam presépios iluminados com luzes de diferentes cores. Árvores de natal enfeitadas de bolas vermelhas e repletas de presentes. Papai Noel distribuindo sorrisos, abraços e presentes

O comércio aproveita a oportunidade para promoções e vendas em abundância. E o consumismo ocupa o lugar da prece, da reflexão e da intimidade com o Senhor e Salvador. E a sociedade promove festas e eventos sem lembrar, talvez, de quem seja a razão e a causa desses festejos e desses eventos.

O próprio cristianismo por um longo período não deu o devido valor ao nascimento do Salvador. Dedicou mais tempo em celebrar a Páscoa: Paixão, Morte e Ressurreição. Em torno desse fato é que organizaram e cresceram as primeiras comunidades cristãs. Celebravam o Ressuscitado como o centro e a razão da convivência entre irmãos e a difusão da fé cristã.

Eis que surge na história da humanidade um homem diferente. Um homem muito sensível aos sentimentos, tanto dos seres humanos quanto das demais criaturas também pertencentes aos anseios de vida e de felicidade. Esse homem é Francisco de Assis. Apaixonado pelo amor a Deus vê a humanidade fria e até indiferente aos acontecimentos da vida e das obras do Senhor e Salvador.

Lança mão da arte para despertar nos seres humanos a sensibilidade e o amor devidos àquele que nascera pobre para enriquecer a todos das graças e bênçãos divinas. A mais sublime vontade, o principal desejo e o supremo propósito dele era observar em tudo o Santo Evangelho, seguir perfeitamente a doutrina e imitar e seguir os passos de Nosso Senhor Jesus Cristo com todo o fervor do coração.

Para materializar essa sua paixão pediu a um amigo muito íntimo que providenciasse em sua casa na cidadezinha de Grécio um ambiente semelhante ao que narra o Evangelho de Lucas. Preparasse uma manjedoura com palha, um boi e um burro. Convidasse os vizinhos com velas e tochas para iluminar aquela noite especial.

Quando tudo preparado, vem o eleito de Deus. Vê e alegra-se. E ali honra a simplicidade, exalta a pobreza e elogia a humildade. E de Grécio faz uma nova Belém. E a humanidade aprende a adorar o Senhor Jesus, o enviado do Pai para salvar a todos do pecado e garantir a honra e a glória a todos os filhos de Deus.

E o presépio não será apenas enfeite, mas será uma lição de simplicidade, de pobreza e de humildade. Olhar o presépio com os olhos da fé é reconhecer que a Palavra se fez carne e veio habitar entre nós.

Sobre o autor
Frei Venildo Trevizan
Sacerdote. Nasceu no ano de 1939 em Paraí-RS. Filho de Ângelo Trevizan e Carmela Richetti.