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Da conversão de Francisco de Assis

Publicado por Frei Edson Matias | 12/02/2014 - 14:47

Mas, embora em seu coração vigorasse continuamente este pequeno fogo do amor divino, sendo ele ainda um adolescente envolvido pelas cuidados terrenos, ignorava o arcano da palavra divina, até que, pousando sobre ele a mão do Senhor (Ez 1,3), foi castigado exteriormente pelo peso de longa doença e interiormente iluminado pela unção do Espírito Santo” (Legenda Menor de São Boaventura).

 

Ao tratar da conversão de São Francisco no início da Legenda Menor, São Boaventura relembra o processo conversivo do santo. Um aspecto interessante apresentado no texto é a doença que aparece em seu caminho. Ela tem uma função. “a mão do Senhor”. Deus quer a doença? Poderíamos perguntar. Sim e não. Ele não quer que seus filhos sofram, porém as escolhas errôneas levam indubitavelmente à elas. E nesse caso, o que é ruim – a doença – pode ser momento de conversação. Nesse sentido ela pode ser ‘boa’.

A doença aparece como sinal. Possibilidade de mudança. Poderíamos dizer: parada para a reflexão. A partir desse momento, Francisco de Assis começa a voltar mais detidamente para o Senhor. O mal – a doença – se transformou em bem, em encontro. Tal processo não pode por nós ser fantasiado. Ao falamos dessa enfermidade, em momento nenhum podemos entende-la como boa de se “sentir”. É dor mesmo! É mal-estar mesmo! Falamos isso para que superemos algumas concepções atuais de uma espiritualidade anêmica que diz sim para a cruz de Cristo e vive o não ao crucificado.

Por graça de Deus, Francisco inicia uma nova etapa em sua vida. Começa a conhecer melhor a Deus e seu modo de operar. Talvez por isso, tendo descobrindo durante sua enfermidade a possibilidade de encontro, de meditação e reflexão, as dores e cruzes se tornam até mesmo desejáveis. Em nossa concepção usual, isso é loucura ou tido como doença. Porém, parece que assim entendeu o santo de Assis e trilhou os mais altos cumes da santidade como os abismos do humano.

Sobre o autor
Frei Edson Matias

Frade Capuchinho, Sacertode. Naceu no ano de 1976 em Anápolis-GO. Filho de Baltazar Justino Dias e Genoveva Matias Dias. Ingressou na Ordem Franciscana em 25 de Janeiro de 1999, inicialmente nos Frades Conventuais - Província de Brasília. Depois fez a passagem para a Ordem dos Frades Menores Capuchinhos no dia 13 de Julho de 2009. 

Formação

Doutorando em Teologia na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia - FAJE. Psicólogo pelo Centro Universitário de Brasilia - UniCEUB. Mestre em Ciências da Religião pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás - PUC Goiás. Pós-Graduado em Psicologia Junguiana pela Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo - FACIS. Pós-Graduado em Teologia Contemporânea pelo Centro Universitário Claretiano. Teólogo Pelo Centro Universitário Claretiano. 

Áreas de atuação

Foi Professor de Psicologia e disciplinas afins na Filosofia e Teologia nos Institutos: ISB/DF, ITEO/MS e IFITEG/GO e na Faculdade Brasil Central/GO. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Psicologia clínica e psicologia da religião, como também em Teologia Pastoral e Espiritualidade. Presta assessorias às comunidades e congregações religiosas. 

Livros e Artigos

Possue diversos artigos publicados em revistas e livros. 

Contato

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